O World Café é uma metodologia de conversa em grupo bastante utilizada em todo o mundo. Criada por Juanita Brown e David Isaacs, em 1995 na Califórnia/EUA, a técnica é muito útil para estimular a criatividade , explorar temas relevantes para o grupo e criar espaço para que a inteligência coletiva possa emergir. O nome Café aparece justamente para convidar as pessoas a conversarem de uma forma informal, descontraída, como se estivessem em uma mesa de um café/restaurante.

Por onde começar?

• Convide o grupo (média de 16 pessoas no mínimo) a se sentar em pequenos grupos de 4 pessoas por mesa. (Cada mesa já abastecida com flip chart ou cartolina grande, canetinhas e post its à disposição); Explique que a dinâmica toda irá durar em torno de 1h30, com 3 rodadas de conversa e cada rodada será norteada por uma pergunta.
• Escolhe-se livremente um “anfitrião” para cada mesa, que permanecerá fixo na mesa enquanto os outros irão trocar livremente entre uma rodada e outra. Este anfitrião terá o papel de atualizar os novos convidados sobre os principais insights da rodada anterior, e para isso o flip chart preenchido com informações é essencial. Para isso, todas as pessoas (não só o anfitrião) são incentivadas a escrever, desenhar e rabiscar as ideias no flip/cartolina e post-its ao decorrer das conversas.
• A primeira pergunta é apresentada para todos (ideal que seja de uma forma visual) e o convite para conversar nos pequenos grupos é feito. A duração de cada rodada é de em média 20 a 30 minutos;
• Com o término da primeira rodada, o anfitrião permanece na mesa e os demais são convidados a mudar aleatoriamente de mesa.
• Ao chegar na segunda mesa, o anfitrião da nova mesa relata brevemente os principais assuntos tratados na rodada anterior (com o auxílio gráfico do que está no flip) e assim ocorre naturalmente o fenômeno da “polinização cruzada”, isto é, a conexão de ideias entre os participantes.
• Após o relato, inicia-se a segunda rodada com uma nova pergunta.
• Oferecer aperitivos, café, chá e água, entre as rodadas, também é muito bem vindo e ajuda a criar o clima da conversa informal.
• Com o término da segunda rodada, o mesmo processo acontece. O anfitrião permanece na mesa e os demais se misturam.
• Após o relato, a terceira rodada se inicia com uma nova pergunta.
• Ao final da terceira rodada, existe o momento de compartilhamento (chamado de colheita) em que com todos os participantes, geralmente dispostos num formato circular, relatam o que mais chamou atenção nas conversas das mesas.

Ao sistematizar a abordagem, Juanita Brown e a comunidade global do World Café apontaram seis diretrizes a serem consideradas por quem pretende anfitriar um Café:

• Tenha consciência do propósito do seu World Café;

• Crie um espaço receptivo e hospitaleiro;

• Crie perguntas relevantes para os participantes;

• Estimule as contribuições de todos;

• Conecte perspectivas distintas;

• Promova a escuta conjunta e compartilhe as descobertas.

Existem inúmeras formas de aplicar o World Café, desde em políticas públicas, salas de aula, associações, ONGs, empresas privadas e etc. Basicamente onde tiver um grupo de pessoas interessadas em conversar e explorar um tema, cabe um World Café.

Algumas dicas:

• Certifique-se que o convite para o World Café foi feito de uma forma clara, para as pessoas que precisavam estar presentes, com data, horário e local adequado. Elas precisam saber o que por que estão ali, qual o tema geral a ser conversado (não as perguntas em si).
• Tenha atenção aos detalhes: boas-vindas aos participantes, decoração das mesas, qualidade do espaço, música de fundo, entre outros.
• No momento final da colheita, tenha uma forma de registrar visualmente a essência do que está sendo dito. Uma boa maneira de fazer isso é por meio da facilitação gráfica, ou simplesmente alguém registrando em um flip com cavalete.
• Trabalhe muito bem a construção das perguntas, elas devem estimular os participantes a se engajarem em conversas significativas. Sugestão: Faça isso previamente junto com alguns participantes do seu Café (eles saberão melhor do que ninguém se as questões são relevantes).
• O World Café funciona muito bem com grupos de 16 pessoas até milhares, desde que elas estejam genuinamente interessadas nas perguntas feitas e que os pequenos grupos não sejam maiores do que 4 ou no máximo 5 pessoas.
• Não utilize o World Café caso sua intenção seja “transmitir” conhecimento ao grupo. Caso esse seja o objetivo, é melhor dar uma palestra ou uma aula. Ou se sua intenção for chegar numa conclusão imediata. Essa metodologia serve para explodir um tema, falar abertamente sobre ele. Por isso, as perguntas abertas que começam com “O que” “Como” “Qual” são as mais assertivas para conversas profundas.
• Pode-se e deve-se usar metodologias em conjunto. Por exemplo: o World Café para levantar ideias e depois o processo decisório para convergi-las e tomar decisões assertivas e embasadas. Assim será levado em consideração o posicionamento de todas as pessoas importantes para aquele caso. Ou em eventos com diversas atividades na programação, (palestras, vivências, reflexões, etc), este pode ser um coringa para dar palco aos participantes para serem protagonistas.

Por que fazer um World Café?

Por que ele cria condições para as pessoas se envolverem e se engajarem.

Uma das premissas básicas do World Café é que todos têm conhecimento para compartilhar. Cada um traz consigo seu leque de histórias, perspectivas, sonhos, ideias e sabedorias. Neste sentido, o Café torna possível quebrarmos a lógica do “um para muitos” e enfatizar a visão sistêmica, por meio de conversas baseadas na horizontalidade e na colaboração.

Na medida em que os participantes vão trocando de mesa, é como se a distância entre eles diminuísse. O World Café funciona como uma metáfora de nossas conversas cotidianas, que se cruzam formando redes de interação em escalas cada vez maiores. Isso quer dizer que, ao mesmo tempo em que se nutre um ambiente de intimidade (nas mesas), o engajamento cresce por meio das conexões entre perspectivas distintas (em todo o grupo).

Para saber mais

• “Diálogos colaborativos: aprendizado, diversão e experiências”, Paulo Campos. Mochileiro Corporativo. Exame. Link: http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/mochileiro-corporativo/2010/11/02/dialogos-colaborativos-aprendizado-diversao-e-experiencias

• “World Café Para Viagem”. The World Café. Link: http://www.theworldcafe.com/wp-content/uploads/2015/07/World_Cafe_Para_Viagem.pdf

• “A resource guide for the world café”, Juanita Brown e a comunidade do World Café. Link: http://www.meadowlark.co/world_cafe_resource_guide.pdf

Referências

• Apostila da comunidade Art of Hosting. Saiba mais em http://www.artofhosting.org/pt-br

• Livro digital “Kit Educação fora da Caixa”, Alex Bretas. Baixe o livro em www.alexbretas.com.br/kit

Bom café para você! =D

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