O Aquário é um formato de diálogo em grupo que busca tornar mais efetivos os papéis de fala e de escuta dos participantes. As pessoas são dispostas em dois círculos concêntricos (ou mais, a depender do número de participantes), de modo que somente quem está no círculo de dentro pode falar, e os demais exercem o poder da escuta. O nome Aquário representa metaforicamente o movimento físico que os participantes precisam fazer para “mergulhar” na conversa.

Como facilitar um Aquário?

• Coloque 5 lugares (cadeiras, almofadas, puffs) dispostos em um círculo interno. Este é o aquário. Os lugares restante são dispostos em círculos concêntricos que contornam o aquário.

• O poder da fala estará com os integrantes dentro do aquário.
• O poder da escuta estará com os integrantes do lado de fora do aquário.
• Para iniciar o Aquário, o facilitador pode dar as boas-vindas aos participantes já sentado no círculo de dentro (isso ajuda as pessoas a compreenderem que aquele é o lugar da fala). Deve explicar brevemente o tema do encontro; como ocorrerá a interação; quanto tempo irá durar; convidar as pessoas a entrarem no círculo de dentro para falar e após terminar, quando quiserem, sair do círculo.
• A regra de ouro é: uma cadeira do aquário deve permanecer sempre vazia. Isso porque a possibilidade de todos participarem é crucial para se aproveitar ao máximo a sabedoria do grupo. Esta cadeira poderá ser ocupada a qualquer momento, por qualquer pessoa, não é preciso se preocupar com a movimentação de pessoas de um círculo para o outro. Isso ocorre de forma bastante orgânica, sem a necessidade de intervenções. Quando alguém ocupa a cadeira vazia, alguém do círculo de dentro deve sair. Com isso, a conversa central sempre será de no máximo 4 pessoas, o que facilita o fluxo e ritmo do diálogo.
• Pode ser que demore um pouco para os primeiros participantes ocuparem as cadeiras do círculo de dentro. Não se preocupe com isso. Momentos de silêncio são importantes e poderão acontecer também durante o diálogo.
• O aquário pode ter rodadas com diferentes perguntas, com tempo pré-estimado para cada rodada ou deixar no tempo do grupo, a conversa acaba quando o assunto se esgotar. Um aquário geralmente pode durar de 40 minutos (com uma ou mais perguntas por vez) até 1h30 ou mais. Depende da necessidade do grupo.
• Colocar a pergunta de maneira visível a todos ajuda muito a manter o foco sobre o tema desejado.
• Sempre que for necessário mudar a pergunta ou fazer algum comentário/contribuição, o facilitador deve entrar no aquário assim como os demais participantes.
• Os pontos essenciais devem ser registrados em um painel visível a todos por um co-facilitador para garantir que a riqueza das conversas não seja perdida.
• Quando chegar a hora de finalizar o diálogo, o facilitador entra no círculo de dentro e encerra o Aquário.
• É importante investir tempo na leitura do painel para todos saberem o que e como foi registrado o diálogo, assim gera sentimento de pertencimento ao ouvir a sua própria fala na voz do co-facilitador.
• Se possível, é importante fazer uma breve avaliação de como foi a conversa, basta abrir espaço para as pessoas falarem como se sentiram ao longo do processo.

Por que utilizar um Aquário?

O idealizador das conversações em Aquário é desconhecido; há quem acredite que foi Peter Senge, consultor e autor de livros de aprendizagem organizacional. O problema que o Aquário busca resolver refere-se à dificuldade que alguns grupos têm de conversar: numa reunião comum, pode ser que algumas pessoas monopolizem a conversa. Por outro lado, outros participantes acabam optando por não falar por medo de serem interrompidos ou julgados, ou simplesmente porque seu ritmo está mais lento do que o do grupo.

Neste sentido, o Aquário favorece a valorização de quem fala e de quem escuta porque propõe uma movimentação tangível entre esses papéis. É preciso se levantar e ocupar uma cadeira do círculo de dentro para falar. O fato de haver um número limitado de assentos no centro indica que a conversa tem um foco claro, embora a participação de todos continue sendo estimulada por meio de uma cadeira que sempre deve ficar vazia. Por haver uma grande quantidade de pessoas que escutam ativamente no círculo de fora, isso também reforça a qualidade do diálogo.

Os círculos de fora também cumprem a função de minimizar o risco de alguém monopolizar a conversa. Caso isso aconteça, a pessoa estará em evidência e a probabilidade de que ela se dê conta é maior. Além disso, quem costuma ser muito calado também tende a se perceber mais, uma vez que a cadeira vazia “está sempre lá” para permitir as contribuições de todos. Desse modo, o Aquário promove o desenvolvimento da fala com intenção e da escuta com atenção.

Outra razão para se experimentar o Aquário é o melhor aproveitamento do tempo. A frequência de interrupções inoportunas e distrações costuma ser bastante reduzida em comparação ao formato de reunião tradicional.

O Aquário funciona muito bem com grupos a partir de 15 pessoas. A possibilidade de incluir mais de um círculo de fora (as outras cadeiras vão sendo posicionadas atrás do primeiro círculo) permite que um Aquário possa ter mais de 120 participantes, desde que haja microfones disponíveis.

Organizações sociais, setor público, empresas e escolas têm utilizado o Aquário para potencializar a fala e a escuta de grupos, maximizando a qualidade das interações.

Quando utilizar um Aquário?

• Para compartilhar informações e estreitar os vínculos de confiança;
• Para trazer transparência nos processos de decisão;
• Para aumentar o entendimento sobre assuntos complexos;
• Como alternativa aos tradicionais debates;
• Como um substituto de painéis de discussão;
• Para tratar de temas polêmicos.

Segue um resumo com as principais informações para que o seu Aquário seja um sucesso!

Para saber mais:

 “Ferramentas de diálogo”, Augusto de Franco. Escola de Redes. Link: http://escoladeredes.net/profiles/blogs/ferramentas-de-dialogo

 “Fishbowl”. Knowledge Sharing Toolkit. Link: http://www.kstoolkit.org/Fish+Bowl?f=print

 “Fishbowl (conversation)”. Wikipedia. Link: https://en.wikipedia.org/wiki/Fishbowl_%28conversation%29

Referências

 Apostila da comunidade Art of Hosting. Saiba mais em http://www.artofhosting.org/pt-br

 Livro digital “Kit Educação fora da Caixa”, Alex Bretas. Baixe o livro em www.alexbretas.com.br/kit

Quer se tornar um facilitador de processos participativos? Entre em contato pelo email: contato@kailo.com.br